No hospital grande de Bolonha, tensão: hall, elevadores, UTI. Painel no térreo, jornalistas. Piloto brasileiro morto. Autódromo, Domingo, tarde. Telefone: Frank, Williams, equipe dono. Head, Newey. Jornais: Estadão, Jornal da Tarde, Agência Estado. Mínimo: Enzo, Dino Ferrari. Cidadão: Oricchio. Hospital central.
A médica Fiandri, visivelmente perturbada, informa, no saguão principal do hospital, às 19h05 local: – Senhores, Senna faleceu. Inscreva-se no canal de automobilismo do ge no whatsapp! Parece que fui o primeiro, ou um dos primeiros, a chegar no Hospital Maggiore de Bolonha, pelo menos entre os repórteres presentes no Autódromo Enzo e Dino Ferrari. Não encontrei ninguém por vários minutos.
Foi um acidente de consequências devastadoras o que culminou na morte de Ayrton Senna. Apesar de todos os esforços, a fatalidade se abateu sobre o piloto brasileiro, deixando o mundo do automobilismo de luto. A tristeza por esse incidente trágico será sentida por muitos por muito tempo. Ayrton Senna, uma lenda das corridas, partiu de forma inesperada, deixando um legado eterno no esporte a motor e na memória de seus fãs em todo o mundo.
Uma tarde no hospital central
O resultado da corrida já não parecia ser tão relevante diante do real estado de saúde, ainda desconhecido, de Senna. No grande hall central do hospital, aparentemente tudo seguia seu curso habitual de um domingo à tarde. Sem perturbações aparentes, dirigi-me em direção aos elevadores e apertei o botão do 11º andar, onde ficava a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), indicada em um painel no térreo.
Enquanto subia, pude observar um policial Carabinieri próximo à porta principal, aparentemente atordoado com a notícia do incidente de Senna. Com o chapéu na mão, murmurava: ‘Meu Deus, o que é isso, não há mais pilotos como Senna, que correm com o coração’.
Pensamentos tumultuados invadiam minha mente conforme avançava pelos corredores. A pressão de não decepcionar como jornalista era intensa, sabia que meu desempenho na cobertura do Mundial de F1 para os jornais era crucial para minha carreira.
Liguei para os jornais em que trabalhava, Estadão, Jornal da Tarde e Agência Estado, informando meu paradeiro no hospital. A responsabilidade de fornecer atualizações precisas aos leitores me impulsionava, especialmente diante da fatalidade que pairava sobre Senna.
Enquanto eu me concentrava no meu trabalho, a preocupação com as reações no Brasil após o acidente de Senna aumentava. A solidão da situação e a importância da cobertura jornalística se tornavam cada vez mais evidentes.
A estratégia de cobertura começava a se formar em minha mente. Era crucial ouvir as figuras-chave do mundo da F1, como Frank Williams, dono da equipe de Senna, Patrick Head e Adrian Newey, os responsáveis pelo carro FW16.
No ambiente hospitalar, a falta de sensibilidade e empatia por parte dos funcionários contrastava com a dedicação e profissionalismo dos médicos presentes. Enquanto alguns demonstravam indiferença, a equipe médica estava totalmente focada em salvar a vida de Senna.
A notícia da possível morte de Senna colocaria os holofotes sobre a Itália, até o retorno de seu corpo ao Brasil. A responsabilidade de transmitir essas informações com precisão aos leitores ampliava meu senso de urgência e comprometimento com o trabalho jornalístico.
Nesse cenário desafiador, era essencial manter a calma e a objetividade, tornando-me a ponte entre os acontecimentos no hospital e no autódromo. A missão de informar com clareza e sensibilidade estava em minhas mãos, em meio à turbulência gerada pela trágica fatalidade que abalou o mundo da Fórmula 1.
Fonte: © GE – Globo Esportes
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