Investidoras estrangeiras passaram de 75% do saldo investido no setor de B3 em 2023. Juros de 0,25% em dívidas, reduções em autarquias, incerteza fiscal e taxas Selic aumentam riscos. Institucionais, individuais e pouco líquidos na bolsa de ações, superávit anual, mercos segmentos emergentes e commodities. Secundário: saldo mensal de investimentos líquidos, juros entre 6% e 7%, seguros regionais vistas como mais arriscadas. Perspectiva Fed, termos de sete vezes reduções, impacto fiscal e saídas de líquidos do grupo.
Os investidores estrangeiros fecharam o mês de abril com retiradas líquidas de R$ 11,36 bilhões no segmento secundário (ações já listadas) da B3, de acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira (3). Abril registrou o pior saldo mensal da categoria desde agosto do ano passado, e o mais baixo para um mês de abril desde que o Valor Data começou a acompanhar a estatística, em 2006.
Essa tendência de saques dos investidores estrangeiros, especialmente em abril, despertou preocupações entre as investidoras locais. A queda significativa nos aportes das não-residentes pode impactar o mercado de maneira ampla, influenciando as estratégias de diversos participantes. É essencial monitorar de perto os movimentos e os possíveis desdobramentos dessa saída de recursos no mercado financeiro.
Estrangeiras continuam retirando investimentos da bolsa brasileira
As vendas de ações pelos não residentes no acumulado de 2024 superaram as compras em R$ 34,26 bilhões, o que representa mais de 75% dos investimentos líquidos do grupo na B3 em todo o ano passado. Os fluxos estrangeiros têm deixado a bolsa brasileira desde o início do ano, principalmente devido à perspectiva de uma postura mais conservadora do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
A expectativa de juros mais altos nos EUA atraiu recursos para lá, considerados mais seguros, afastando investimentos de regiões vistas como mais arriscadas, como o Brasil. A incerteza fiscal e os efeitos sobre a taxa Selic também têm influenciado o cenário interno. As reduções esperadas nas taxas de juros são agora previstas para o segundo semestre, em contraste com as expectativas iniciais de cortes mais agressivos.
Os investidores institucionais encerraram abril com superávit de R$ 4,69 bilhões, enquanto o superávit anual atingiu R$ 6,24 bilhões. Já os investidores individuais fecharam o mês com saldo positivo de R$ 4,12 bilhões e um superávit anual de R$ 16,77 bilhões.
A saída de investidoras estrangeiras é preocupante para a bolsa brasileira, pois elas representam uma parte significativa da demanda. Sem a presença delas, os preços dos ativos podem cair, apesar de estarem em níveis historicamente atraentes.
Além disso, o Brasil é percebido como um mercado de risco devido à baixa liquidez da bolsa de ações e à dependência do mercado de commodities. Como país emergente, é visto como tendo sistemas e instituições menos desenvolvidos, o que aumenta o risco visto pelos investidores estrangeiros.
O recente anúncio do governo sobre a mudança na meta fiscal para 2025, passando de superavitária para um déficit zero, contribuiu para a percepção de maior incerteza fiscal no país. Esses fatores têm levado as investidoras estrangeiras a buscar alternativas mais seguras, afetando o mercado de ações brasileiro.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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