Inundações no Rio: Mais de 200 mortes e 165mil deslocados. Água feroz de rios: lamacenta, repentina, intensa, El Niño, Dipolo positivo, chuva continua, terras juram saturadas.
Quando Julia Wanjiku colocou o filho Isaac para dormir no último domingo, após um dia de comemorações pelo aniversário de três anos, ela não imaginava que teria que lidar com as consequências das inundações. Nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, Wanjiku acordou ao ouvir os gritos desesperados dos vizinhos, alertando sobre as águas que se aproximavam.
A cidade de Nairobi enfrentava um cenário caótico, com enchentes tomado as ruas e invadido residências. Wanjiku, assustada com a velocidade com que as cheias avançavam, tomou seu filho nos braços e correu para um local seguro. A experiência traumática deixou marcas profundas na família, que agora se une para superar juntos o impacto da inundação dolorosa.
Inundações devastadoras atingem o Quênia
Um rio feroz de água lamacenta desaguou na cidade de Mai Mahiu, localizada a cerca de 50 quilômetros ao norte de Nairobi, capital do Quênia. Nesse cenário caótico, o marido de Wanjiku lutou para segurar o filho, mas a força das águas foi implacável – Isaac foi levado pela inundação.
A incerteza e a angústia pairam sobre Wanjiku, que compartilhou sua dor com a CNN: ‘Ainda não sabemos onde está o nosso filho.’ Em meio ao desespero, ela encontrou um abrigo na Ngeya Girls High School em Mai Mahiu, juntamente com outros sobreviventes. Ao lado da mãe e da tia, ela derramou lágrimas de gratidão por ter sobrevivido, enquanto o pai devastado de Isaac sofria em silêncio.
As enchentes em Mai Mahiu deixaram um rastro de destruição, ceifando a vida de pelo menos 52 pessoas, incluindo 18 crianças inocentes. Essa tragédia ressoou em todo o Quênia, afetando também Nairobi e partes da renomada reserva de vida selvagem Maasai Mara.
O desastre foi catalisado por semanas de chuvas intensas, desencadeando inundações repentinas que já vitimaram pelo menos 210 pessoas. Mais de 90 indivíduos seguem desaparecidos, e cerca de 165.500 residentes foram deslocados de suas casas. O país encontra-se diante de uma situação atípica, com chuvas persistentes e inundações decorrentes do aumento anômalo da precipitação.
As precipitações foram exacerbadas pela conjunção de dois fenômenos climáticos naturais: El Niño e um Dipolo positivo do Oceano Índico, que empurra as águas mais quentes em direção ao oeste. Além disso, o aquecimento global antropogênico tem contribuído para esse cenário caótico.
O presidente queniano, William Ruto, expressou preocupação com a continuidade das chuvas sobre terras já saturadas e rios inchados, prevendo um quadro ainda mais desolador. Enquanto o país se preparava para os impactos projetados do ciclone Hidaya, em direção à costa da Tanzânia.
A população enfrenta deslocamentos massivos e riscos iminentes de segurança. O secretário do Interior do Quênia alertou sobre 178 barragens e reservatórios prestes a transbordar, ameaçando milhares de vidas. Cerca de 100 mil pessoas já foram afetadas, demandando evacuações urgentes para garantir a segurança da população.
O panorama torna-se ainda mais sombrio com os relatos de escolas fechadas por tempo indeterminado e abrigos improvisados para os deslocados. Em especial, os mais vulneráveis em assentamentos informais enfrentam as maiores adversidades diante das inundações implacáveis que assolam o Quênia.
Fonte: @ CNN Brasil
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