Relembre a trajetória de alta das taxas no mercado de títulos, que encerra incertezas fiscais em embate entre governo e taxa básica de juros.
Em junho, o Tesouro Direto enfrentou turbulências devido à volatilidade do mercado. No entanto, ao longo do semestre, a situação se tornou ainda mais desafiadora. A maioria dos investidores que apostaram nos Títulos Públicos viu seus rendimentos no vermelho, refletindo as incertezas fiscais e os conflitos entre governo e Banco Central.
Os investimentos atrelados à inflação no Tesouro Direto ganharam destaque, apesar da preferência consolidada por outros papéis. A diversificação da carteira com títulos públicos de diferentes tipos pode ser uma estratégia interessante para enfrentar os desafios do mercado atual. É importante estar atento às oportunidades e acompanhar de perto as movimentações no universo dos investimentos.
Tesouro Direto: O Destaque do Mercado de Títulos Públicos
Começando pelo ‘fim’, a decisão do Banco Central de interromper o ciclo de corte da taxa básica de juros na semana passada, mantendo os 10,5% ao ano por mais tempo, foi o ponto alto da montanha-russa vivida pelos investidores de janeiro a junho. O Tesouro Direto foi o grande protagonista desse cenário, com o Tesouro IPCA+ se destacando entre os títulos atrelados à inflação, superando a preferência consolidada do Tesouro Selic e oferecendo taxas históricas, o que resultou em preços reduzidos para os investidores.
Vale lembrar que nos papéis prefixados e nos indexados ao IPCA, a relação entre taxa e preço é inversa – quanto maior a taxa, menor o preço. Portanto, embora o aumento das taxas seja positivo para quem pretende investir a longo prazo, garantindo uma rentabilidade maior, acarreta em uma queda temporária no valor de mercado dos títulos para quem já os possui em carteira. Junho marcou o ápice de um movimento de alta das taxas que teve início em abril deste ano.
O embate entre governo e mercado, em meio a incertezas fiscais e o encerramento do ciclo de cortes da Selic, foi intensificado pelas mudanças na meta fiscal para 2025 e 2026, anunciadas em abril. Essa alteração, somada aos impactos da tragédia climática no Rio Grande do Sul e às preocupações com a inflação, levou o Copom a rever sua política monetária e interromper a queda da Selic.
A relação entre o governo e o Banco Central também ganhou destaque, com o presidente Lula e o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, em conflito. A possível indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do BC no próximo ano levantou questionamentos sobre a independência da autoridade monetária em 2025.
Diante desse cenário, os investidores buscam não apenas lucro, mas também proteção para suas carteiras. O Tesouro IPCA foi apontado como uma opção atraente para investimentos de médio e longo prazo, de acordo com análise do Itaú BBA. Enquanto isso, o Tesouro Selic se destacou por encerrar o semestre com desempenho positivo em rentabilidade.
A discussão sobre a política de juros nos Estados Unidos também teve impacto no mercado no primeiro semestre de 2024, com o Federal Reserve (Fed) influenciando as decisões dos investidores. Em meio a um cenário de incertezas e volatilidade, o Tesouro Direto se mostra como uma opção sólida para quem busca segurança e rentabilidade em meio às turbulências do mercado de títulos públicos.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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