No Charisma e Poder, historiador Ian Kershaw retrata 12 europeus do século 20: quatro líders carismáticos impuseram seus caminhos, sem restrições, à nação, provocando população, violência e privações. Seis outros governantes, estáveis e democráticos, enfrentaram crises e salvaram suas pátrias. Tempo-incerto e populismo, extremo-direita. (147 caracteres)
Em que medida o poder de um líder é influenciado por sua personalidade? E pelas situações em que se encontra? O que possibilita a um governante comandar um país quase sem limitações? Alguns deixaram sua marca na história mundial, como o austríaco Adolf Hitler, o russo Joseph Stalin e o italiano Benito Mussolini, cada um deles exercendo seu poder de maneira única e marcante.
Eles usaram sua autoridade para moldar os destinos de suas nações, deixando um legado de influência que ainda é sentido nos dias atuais. O poder que detinham sobre seus territórios e populações era absoluto, permitindo-lhes tomar decisões com ampla margem de manobra. A combinação de personalidade forte e circunstâncias favoráveis foi fundamental para que esses líderes alcançassem o auge de seu poder e influência.
Reflexão sobre Líderes que Moldaram a Europa Moderna
Outros líderes, como o iugoslavo Josip Broz Tito e o espanhol Francisco Franco, embora restritos ao cenário nacional, impuseram à população de seus países tempos de violência e privações. Por sua vez, há figuras que são recordadas com maior positividade, embora não estejam isentas de críticas. Este é o caso de políticos como o inglês Winston Churchill, o francês Charles De Gaulle e a britânica Margareth Thatcher.
Recém-lançado no mercado livreiro brasileiro, o livro ‘Carisma e Poder: Líderes que Moldaram a Europa Moderna’, escrito por Ian Kershaw, propõe uma profunda reflexão sobre o papel desempenhado por doze dirigentes marcantes da história europeia recente. Esse seleto grupo, proveniente de sete nacionalidades diferentes, é dividido igualmente entre ditadores e líderes democráticos, cada um com sua trajetória e legado.
Ian Kershaw, aos 81 anos, é reconhecido como um dos principais historiadores contemporâneos. Especializado na Alemanha nazista, o autor é renomado por sua biografia abrangente de Hitler, publicada em 2010, que se tornou uma referência no assunto.
O autor faz menção ao escritor russo Liev Tolstói ao discorrer sobre a importância da vontade individual de um governante na condução dos destinos de uma nação. Desde o século 19, quando a história foi formalizada como disciplina acadêmica, a influência dos líderes no curso dos acontecimentos e suas consequências tem sido objeto de análise.
Em ‘Carisma e Poder’, Ian Kershaw explora a interação entre a personalidade do líder e o contexto político em que está inserido, buscando compreender como esses elementos moldaram as ações e decisões dos dirigentes. Ele destaca que, enquanto alguns líderes se tornaram ‘déspotas devastadores e únicos’, outros países conseguiram trilhar caminhos mais estáveis e democráticos.
O século passado foi marcado por eventos que impactaram profundamente a história das civilizações, como as duas guerras mundiais, o surgimento de ideologias totalitárias como o nazismo e o fascismo, além da criação da bomba atômica. Tanto os ditadores quanto os líderes democráticos demonstraram habilidades excepcionais para exercer sua autoridade em períodos de crise, conforme registrado por Kershaw em seu livro.
Os líderes totalitários como Lenin, Mussolini e Hitler emergiram em momentos críticos de suas nações, que enfrentavam colapso social, econômico e político. Ao mesmo tempo, os líderes democráticos surgiram como salvadores em períodos de extrema dificuldade, como Churchill, De Gaulle, Adenauer e Gorbachev.
Com suas 496 páginas, ‘Carisma e Poder’ convida os leitores a refletirem sobre o fato de que os governantes tirânicos frequentemente surgem em tempos incertos, como os que vivemos atualmente em 2024, com a ascensão do populismo de extrema-direita. Dotados de carisma e ambições desmedidas de autoridade, esses líderes conquistam seguidores dispostos a defendê-los com violência, se necessário.
O autor relembra a famosa máxima de Karl Marx, que ressoa desde 1852: ‘Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem, e sim sob circunstâncias que herdaram do passado’. Em tempos de incerteza e polarização, a reflexão proposta por Ian Kershaw em sua obra se revela mais relevante do que nunca.
Fonte: @ NEO FEED
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