Francisco Saboya, Embrapii presidente, NeoFeed disse: prioriza retorno de altas inovações: reprimarização, processos, renda per capita, US$ 20mil plano, Nova Indústria, Brasil, financiamentos R$ 300bilhões, decada, instituições R&D, 94,3% PIB industrial, desindustrialização, economia rica pobre.
Brasília – Uma nação de soja e ferro. A desindustrialização continua sendo um tema presente na economia brasileira. A cada ano que passa, as exportações das commodities agrícolas e minerais continuam liderando o desempenho econômico do Brasil. Mesmo com a desindustrialização, no ano anterior, as exportações atingiram um volume recorde, mantendo a balança comercial favorável, totalizando US$ 98,838 bilhões, um marco desde 1989.
Essa intensificação das exportações é um reflexo das mudanças no perfil econômico do país, sendo uma consequência direta do processo de reprimarização. A desindustrialização é uma realidade que não pode ser ignorada, mas é inegável o impacto positivo que o setor de commodities teve no resultado econômico. Os números robustos de exportação ilustram o quão desafiador e, ao mesmo tempo, promissor é o cenário econômico atual.
O fenômeno da desindustrialização: um desafio nacional
O frenesi em torno das lideranças nacionais muitas vezes tem desviado a atenção de um problema crônico e crescente da realidade do Brasil: a desindustrialização completa, que está imersa em um processo de ‘reprimarização‘ da economia. O termo é mencionado por Francisco Saboya, presidente da Embrapii, ao descrever o estágio atual do país.
Em uma entrevista ao NeoFeed, Saboya destaca a preocupação central com a necessidade de revitalizar a indústria e tira números da cartola para embasar seu argumento. Ele aponta que o fenômeno da desindustrialização é comum em países com renda mais alta, devido ao avanço dos serviços tecnológicos. Nestas nações, a renda per capita está na faixa de US$ 20 mil. No entanto, no Brasil, a situação é diferente. Desde 2005, o país tem passado por um intenso processo de desindustrialização, com a renda per capita em cerca de US$ 10 mil. O Brasil enfrenta, assim, o desafio de uma economia rica, porém pobre, e necessita romper com a dependência excessiva de commodities.
À frente da Embrapii, Saboya lidera a missão de selecionar e apoiar projetos empresariais que sustentem o plano Nova Indústria Brasil, lançado recentemente com a proposta de disponibilizar R$ 300 bilhões em financiamentos e transformar o setor industrial do país. Em uma década de existência, a Embrapii já apoiou projetos de 1.722 empresas em todo o território nacional, contribuindo com um total de R$ 1,28 bilhão em investimentos em iniciativas que impulsionam a inovação.
Saboya ressalta a importância crucial de uma mudança no cenário industrial, alertando para a urgência de um reposicionamento estratégico. Se um dia a indústria brasileira foi protagonista, respondendo por mais de 22% do PIB, hoje seu papel se reduziu para apenas 10%, deixando-a em risco de desempenhar um papel ainda menor se medidas significativas não forem tomadas.
Por que a indústria enfrenta a crise atual?
O processo de desindustrialização que se intensificou nos anos 2000 é apontado como a causa central do cenário crítico atual. O rápido crescimento econômico vivido pelo Brasil no século passado, particularmente entre as décadas de 1950 e 1970, colocou o país em destaque. Em seu auge, em 1973, o PIB Industrial registrou um impressionante crescimento de 14,9%, sendo a China ainda incapaz de superar esse marco em termos de crescimento.
O Brasil chegou a representar 2,8% da produção global de manufaturados no final dos anos 1970. No entanto, ao longo dos anos, a indústria foi negligenciada em detrimento de outras prioridades, resultando em um crescimento anual atual de apenas 1,1% a 1,2%. A participação brasileira na produção mundial industrial agora é de 1,4%, metade do que era há cinco décadas. A necessidade de revitalizar a indústria se torna ainda mais evidente diante desse contexto de declínio acentuado.
Fonte: @ NEO FEED
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