Brasileiras profissionais, especialmente advogados, utilizam atividades físicas como estratégia de autocuidado. Pesquisa da CNA revela nível de estresse alto, necessitando apoio psicológico. Demográfico da advocacia aponta discrepância significativa em boa qualidade de vida e degradações laborais. Pioneira no cadastro de saúde mental, CNA realiza levantamento para cultura patriarcal e questões de saúde mental. Prática terapêutica: dupla jornada e atividades físicas. (147 caracteres)
Apenas 14% dos advogados brasileiros buscam terapia e atendimento psicológico. Foi essa uma das conclusões do estudo PerfilADV – 1º Estudo sobre o Perfil Demográfico da Advocacia Brasileira, pesquisa pioneira da OAB Nacional em parceria com a FGV. De acordo com o levantamento, mais da metade recorre a atividades físicas como estratégia de autocuidado.
Entre os advogados profissionais inseridos no CNA, a busca por assistência psicológica é relativamente baixa. No entanto, é encorajador saber que muitos advogados brasileiros encontram no exercício físico uma forma de cuidar de si. A saúde mental dos advogados é fundamental e diversas abordagens de autocuidado são essenciais para garantir o bem-estar da categoria.
Advogados e a Importância do Bem-Estar: um Olhar Sobre a Advocacia Brasileira
O levantamento recente realizado com cerca de 20.885 advogados profissionais inscritos no CNA – Cadastro Nacional dos Advogados revelou dados interessantes sobre as práticas de autocuidado nesta classe. A pesquisa apontou que a maioria dos advogados opta por atividades físicas para manter a saúde e a qualidade de vida, enquanto a terapia ainda é pouco mencionada. Cerca de 52% dos entrevistados praticam esportes ou atividades físicas, em contrapartida a apenas 14% que buscam apoio por meio da terapia.
Este cenário levanta importantes questionamentos sobre o bem-estar físico e mental dos advogados e sua relação com a qualidade de vida. A Constituição Federal estabelece o trabalho como um direito social fundamental, ligado à proteção do trabalhador contra possíveis degradações laborais. No entanto, a advocacia brasileira enfrenta desafios significativos nesse aspecto, como apontado por Fátima Antunes, especialista em psicologia social e autora do livro ‘Estresse em Advogados’.
Fátima destaca que a advocacia é uma das profissões mais estressantes do país, com altos níveis de estresse presentes desde o início da carreira. A pressão emocional envolvida na busca por soluções jurídicas para os clientes e a incerteza quanto aos resultados finais são fatores que contribuem para esse quadro. O estudo do perfil da advocacia brasileira revela a necessidade de um olhar mais atento para a saúde mental desses profissionais.
##Desafios de Gênero e a Importância da Terapia na Advocacia
Uma análise detalhada dos dados do levantamento revela uma discrepância significativa na adoção da terapia entre advogados e advogadas. Enquanto cerca de 20% das advogadas entrevistadas buscam apoio terapêutico para cuidar da saúde mental, apenas 8% dos advogados seguem esse caminho. Essa diferença evidencia questões de gênero presentes na classe jurídica.
Fátima Antunes ressalta que a resistência dos homens em procurar ajuda terapêutica pode estar relacionada a uma cultura patriarcal que desvaloriza a saúde mental, associando-a a estigmas negativos. Por outro lado, as mulheres advogadas enfrentam desafios adicionais devido à dupla jornada, com responsabilidades profissionais e domésticas que aumentam o nível de estresse e a necessidade de suporte psicológico.
A percepção equivocada de que buscar terapia é sinal de fraqueza é um obstáculo a ser superado, especialmente entre os advogados. É fundamental compreender que a terapia é uma ferramenta valiosa para fortalecer a saúde mental e enfrentar desafios internos. No entanto, a habilidade dos advogados em argumentar e propor soluções pode ser um obstáculo no processo terapêutico, conforme observado por Fátima.
A conscientização sobre a importância do autocuidado e da busca por apoio psicológico é essencial para promover um ambiente de trabalho saudável e equilibrado para os advogados brasileiros. Estratégias de autocuidado, como a prática terapêutica e a valorização da saúde mental, devem ser incentivadas e integradas à rotina desses profissionais, visando garantir uma melhor qualidade de vida e bem-estar em meio aos desafios da advocacia.
Fonte: © Migalhas
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